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O Brasil é um país com inúmeras oportunidades de negócios, em face de carência que ainda temos em praticamente todas as áreas.  Carências que podemos notar na execução de serviços logísticos que envolvam intermodalidade e multimodalidade. Hoje somo a 6ª maior economia do mundo, mas ainda nos deparamos com problemas que nos acompanham por muitas décadas. Um país que sonha em ser uma grande potência mundial, economicamente falando, não pode ainda conviver com cenários extremamente precários e tenebrosos.

Um dos modelos mais utilizados de intermodalidade e multimodalidade é aplicado às exportações e importações, mas parece que para nós, a falta de produtividade competitiva, modelagem correta de processos e conectividade operacional plena ainda é um sonho. Para explicar melhor o cenário que apresento, analisemos o seguinte processo:

Uma exportação do Brasil, cuja origem seja qualquer cidade do Centro Oeste brasileiro (hipoteticamente elegemos Uberlândia) e destino seja qualquer cidade da Europa, teremos um processo de transferência até um porto (determinado basicamente por 4 fatores: distância, custos operacionais portuários, benefícios fiscais e frequência de navios), pela ordem o transporte internacional e depois a transferência do porto de destino até a cidade que foi designada como destino. Pois bem, analisando apenas o processo de transferência até o porto no Brasil, teoricamente temos basicamente 2 opções de envio: rodoviário e ferroviário (descarto neste trecho o aquaviário e aéreo por questões de restrições naturais e de infra estrutura no país). O acesso ferroviário tomando como exemplo o maior porto da América Latina (Santos) ainda é o mesmo do século passado, tomando como base de estudo, estrutura e produtividade, o que acaba dificultando a utilização (claro que alguns produtos adaptam-se a este modelo ainda precário em nosso país, sempre comparando como modelos de primeira linha, mas é FATO que a maioria de usuários não consegue utilizar o trem como um processo natural como é o caminhão). Diante disto, o modelo mais utilizado é o transporte rodoviário. Porém, o cenário ainda é muito assustador:

  • Grande parte dos caminhões que trabalham em área portuária tem uma elevada idade de frota prejudicando a produtividade;
  • O processo portuário total (não só a movimentação em terminais, mas todo processo até o embarque) ainda demora dias, sendo que em algumas localidades de padrões mundiais, demoram horas (ex. Suécia, sem precisar citar portos e/ou países com mais produtividade)
  • Tudo isso associado a uma mão de obra que não foi preparada para produzir serviço com foco em otimização, fazendo com que haja uma morosidade nas atividades operacionais e funcionais, associada a burocracia aduaneira limita as operações.
  • Depois disto ainda temos precariedade nos sistemas de carregamento de navios e infraestrutura portuária (impedimentos para trabalhar com grandes embarcações).

Podemos concluir então que o modelo que deveria ser altamente produtivo, ainda é extremamente precário (sempre analisando operações totais e não apenas produtos específicos), fazendo com que não sejamos competitivos na otimização intermodal e multimodal.

Portanto, a pergunta a ser colocada é: até quando conviveremos com este cenário? Um país que pretende se tornar uma grande potência mundial, não pode pensar pequeno, tanto em termos de infraestrutura como de capacitação, mas infelizmente, o que temos assistido ainda é um caminhar muito pequeno para aquilo que pretendemos ser.

(*) Paulo Rago é Diretor do CETEAL – Centro de Estudos Técnicos e Avançados em logística www.ceteal.com, consultor empresarial e prof. de pós graduação em diversas instituições de ensino.