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A pandemia nos mostrou que podemos trabalhar com modelos diferentes daqueles com os quais estávamos acostumados. As organizações, na sua grande maioria, pensavam em tecnologia aplicada ao negócio e ao trabalho, como algo que ofertasse mais produção e não, na mesma proporção, conveniências. Até então, não era admissível pensar que os profissionais pudessem controlar seu tempo de trabalho e ficarem realmente focados no resultado e não apenas na execução de tarefas.

Tudo isso e muito mais está sendo transformado e exige de toda sociedade um processo de reconstrução.  Pivotagem geral! (pivotar  significa dar uma guinada no rumo de um negócio com base na própria experiência já adquirida. O neologismo “pivotagem” tem origem no verbo inglês “to pivot” que significa girar).

Não há como negar que estamos diante de incertezas quanto ao futuro, face ao atual quadro de drásticas mudanças de costumes, hábitos e necessidades.

Diante desse cenário, a grande pergunta é: como promover uma reconstrução para se adequar a este inevitável  processo de transformação?

Refletindo sobre este tema, chego à conclusão que a melhor estratégia é pensar e agir como uma Startup!

As principais características de uma Startup enquadram-se perfeitamente às necessidades do processo de reconstrução e transformação que começamos a viver.

Para que se torne possível reconstruir o modelo vigente de comportamento das organizações e das atitudes dos profissionais, é imprescindível que essas organizações e esses  profissionais, disponham-se a questionar o modelo atual. Essa é a proposta que faço a seguir:

Questões para as organizações:

1) O modelo de negócio continuará sendo o mesmo ou sofrerá alterações? Pensar em “pivotar “ou qual pivotagem deve ser implantada;

2) Quais benefícios funcionais poderemos ofertar?;

3) Quais serão as novas prioridades mercadológicas envolvendo saúde segurança, essencialidade do negócio, colaboradores e comunidade envolvida? Pensar no negócio sim, mas nunca esquecer das palavras de ordem que envolvem a sociedade comum;

4) Quais os novos protocolos administrativos, operacionais e técnicos que serão adotados? Entrada e saída de ambientes, convivência, limpeza, etc;

5) Como deverá ser o “novo relacionamento” entre clientes e fornecedores? Como aumentar e manter o nível de empatia e comprometimento?

6) Como será o posicionamento da empresa no mercado? Em quais canais deverá atuar?

7) O fluxo de caixa será adequado para fazer o quê? Entender o comportamento da economia e perspectivas financeiras a fim de manter liquidez e níveis de investimento e reserva;

8) Quais serão os novos e velhos concorrentes? Como mapear suas habilidades e definir novos modelos de atuação;

9) O que ofereceremos de inovação? Não só tecnologia mas de interação e conveniência;

10) Como serão os escritórios/locais de trabalho daqui para frente? Que tipo de adequações deverão ser realizadas, considerando distanciamento seguro, convivência, segurança e limpeza;

11) O que mudará nas nossas crenças, culturas e valores?  Diante do impacto da pandemia,  como respeitar e educar os envolvidos? Ressalto que hoje já existem crenças diferentes sobre o comportamento de todos na pandemia. Ex.: usar ou não usar máscaras.

12) Qual será o “mundo melhor” que construiremos? Conveniências, respeito ao cliente e pares, resiliência, ética e transparência deverão estar presente em todos os processos.

13) Mais do que nunca os “squads” deverão atuar como? Qual nível de delegação deverá ser empregado?;

14)Como será a adaptabilidade ao novo mercado? Como medir a percepção dos clientes e atuar de forma proativa e construtiva;

15) Como se dará a construção e estruturação de nossos backups? Seja em estrutura, fornecedores e o mais importante, pessoas;

16) Quais cenários deverão ser planejados e montados. Muitas incertezas, portanto, vários cenários deverão ser projetados e ensaiados;

17) Nossas cadeias de fornecimento e atendimento deverão ser produtivas, responsivas ou trabalharemos com ambas?

Por outro lado, o perfil do profissional, deverá  ser aquele que conhecemos nas Startups:

a) Altamente criativo, buscando soluções adequadas. Aberto realmente a novas ideias. (ex.: Uma grande empresa de bens de consumo, com o fechamento de varejos durante a quarentena, montou uma operação para realizar entregas aos consumidores utilizando motoristas da Uber, retirando mercadorias dos varejos. Otimizou todo o fluxo dos envolvidos e gerou satisfação e conveniência para os clientes);

b) Trabalhar de forma colaborativa e com alianças. Individualidade e centralização estão cada vez mais em baixa. Não confundir com falta de liderança, que é essencial em qualquer modelo;

c) Extremamente dedicado e focado;

d) Tomar decisões mais rapidamente;

e) Trabalhar sob forte pressão do tempo; Parece que não há novidade aqui, mas há sim, muitas alterações, já que as percepções e disseminação da informação, muitas vezes até confusas e falsas, são instantâneas. Somado a isso, temos novas necessidades e alterações de comportamento;

f) Saber compartilhar e trabalhar na construção de algo que seja relevante. Mesmo que no primeiro momento, não acredite na idéia;

g) Muita agilidade e flexibilidade – muitos padrões alterados;

h) Focar na produtividade (necessária x possível) e resultado adequado e não apenas na execução;

i) Saber e sentir satisfação em ouvir opiniões diversas.   Antes de criticar, sugerir e agir;

j) Focar naquilo que é realmente necessário e imprescindível;

k) Olhar pelo outro e para o outro; (ser solidário);

l) Aprender a gostar daquilo que faz e não só fazer aquilo que gosta;

n) Gerar benefícios humanos;

o) Estar realmente preparado para muitas transformações;

p) Ter planejamento sim, mas, entender que cada dia é um dia com características diferentes e muitas decisões deverão ser diárias. Isso exigirá cada vez mais que o profissional aplique o conceito de alteridade, ou seja, procurar se colocar no lugar do outro para tomar decisões com um olhar de 360 graus;

É certo que enfrentaremos um período de necessidade de adaptação em vários níveis, alguma turbulência e dúvidas, pois, toda reconstrução exige muita determinação, busca de novos conhecimentos e aprendizado, cautela, percepção, força, luta e uma certa dose de paciência e humildade.

Porém, se conseguirmos assimilar e colocar  esses novos requisitos em prática de forma equilibrada, os resultados serão imensamente satisfatórios e recompensadores.

Tempo para tudo isso acontecer? Não sabemos, mas acredito no potencial humano e assim como deve ser, torço por uma  breve retomada das atividades comerciais  alinhadas ao processo de transformação acima proposto e pela recuperação da nossa economia.

A transformação tem sido a mola propulsora da evolução humana, portanto,  acredito que se soubermos usar as ferramentas corretas e aproveitar o potencial de nossos profissionais, em breve estaremos diante de uma nova etapa de nossas vidas. Muito melhor!

Por Paulo Rago*

(*) Paulo Rago é consultor empresarial, empreendedor, atua há mais de 33 anos no mercado com montagem de estratégias de negócio, logística, transportes, supply chain e com preparação e desenvolvimento de profissionais e empresários. Foi executivo de grandes corporações e hoje é CEO do Ceteal – www.ceteal.com