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A pandemia do Coronavirus provocou (e ainda provocará) mudanças profundas no comportamento humano de forma geral.

Hábitos, costumes e necessidades foram alterados e modificados de forma abrupta e, em muitos casos, até de forma dolorosa.

Uma das palavras mais utilizadas ultimamente é “crise”. É um fato mas, como mostra a história humana, toda crise não é eterna e esta também sucumbirá em algum momento.

Com o final e/ou afrouxamento da quarentena, as rotinas e costumes deverão voltar ao normal. Será??

Todo este cenário novo, causou transformações e fez com que empresas e profissionais começassem a perceber que o modelo ao qual estavam acostumados a trabalhar deveria ser reformulado e transformado. No caso de logística e transporte, percebeu-se que muitas empresas  e profissionais não estão preparados  e nem flexíveis para se adaptarem a estas formas diferentes de trabalho, até mesmo pelas restrições impostas na quarentena (física e financeira).

Diante disso, ressalto  três pontos importantes para esta reflexão:

1) Empresas que estavam acostumadas a trabalhar apenas com lojas/locais físicos para recebimento e entrega de produtos, não conseguiram atender as necessidades de seus clientes em prazos e condições condizentes. Cito como exemplo, uma situação que eu vivenciei com uma famosa rede de produtos de chocolates, acostumada a fazer vendas exclusivamente em suas lojas físicas. Com o aumento da demanda decorrente da  Páscoa, em plena quarentena e, portanto, com suas lojas fechadas, disponibilizou a venda de seus produtos pela internet para entrega no endereço do consumidor,  e não conseguiu realizar as entregas, em São Paulo, maior cidade da América Latina, em menos de 9 dias úteis. Ela não estava preparada para agir e attender as necessidades de seus clientes de forma veloz, para recebimento dos ovos de Páscoa a tempo;

2) Pessoas que não estavam acostumadas a comprar pela internet, por diversas razões, tiveram que começar a utilizar o e-commerce e se depararam com prazos e condições diferentes daquelas que estavam acostumados a ter quando da compra em loja física;

3) Esta mudança no comportamento de consumo, gerou novos cenários de necessidades dos clientes, e expôs limitações dos prestadores de serviços gerando custos maiores ou menores.

Desta forma, dependendo do caso,  deverá ser pensado novas formas de otimização, antes não aceitas. (Ex.: Compartilhamento operacional)

Com tudo isso acontecendo, prestadores de serviços logísticos e de transportes devem entender que o modelo de trabalho do passado recente, sofrerá grandes mudanças.

Infelizmente, a queda de movimentação econômica (os principais cenários analisados, falam em recessão neste ano e retomada da economia efetiva apenas em 2021), fará com que muitas empresas de transportes e logística deixem de existir. Além disso, como há uma oferta muito maior de empresas e prestadores de serviço  do que demanda,  empresas que contratam esses serviços, iniciaram uma onda de comparação dos preços no mercado (novas concorrências – BID’s), o que acarretará uma “guerra de preços” tremenda (nem todas as empresas entrarão neste processo, vale ressaltar), logo, não é momento de solicitar nenhum reajuste de preço e sim, rever seus custos e estratégias.

Portanto,  se as organizações e toda equipe operacional deverão repensar seus modelos de negócio e forma de atuação, o profissional de vendas destes serviços logísticos e de transporte por sua vez, deverá ter outra postura no que tange à prospecção e venda, já que o mundo percebeu que podemos trabalhar de forma virtual e calcado na tecnologia para auxiliar muitas atividades, inclusive a contratação de fretes e serviços.

Vale ainda salientar, que a tecnologia terá papel preponderante neste mundo “normal transformado”. Empresas e profissionais que não possuírem as ferramentas e o conhecimento adequado para atender essas novas demandas, correm um sério risco de serem totalmente substituídos pelas empresas e profissionais que se adaptam com facilidade e essa nova realidade, ou seja, a esse “normal transformado”.

Porém, diante de toda crise, SEMPRE, surgem as oportunidades.

Como pontuei no início deste artigo, teremos novos comportamentos para compra e venda e alguns pontos devem ser analisados pelos envolvidos:

1) Quais serão as necessidades que teremos que atender daqui para frente? (prazos, frequência, quantidade, velocidade, etc);

2) Destas, quais necessidades minha empresa pode suprir?

3) Que soluções / conveniências podem ser ofertadas?

4) Quais capacitações técnicas e empresarias deveremos desenvolver?

5) O que deveremos fazer de forma diferente daqui pra frente?

6) Que otimizações teremos que fazer?

7) Quais recursos necessários e que mudanças deveremos ter na forma de agir?

Tudo isso, sem desconsiderar a evidente necessidade de análise de novos mercados/oportunidades que todos deverão fazer.

Claro que temos muitas incertezas ainda, mas é certo que a economia voltará a girar novamente como disse anteriormente, mas a disputa pelas fatias do mercado será bem mais intensa. Diante disso, acredito que algumas habilidades e percepções devam ser pensadas e/ou questionadas pelas organizações e seus profissionais:

  1. Tenho e ofereço flexibilidade / conveniência? – cada vez mais, diferentes serviços com escopos diversos;
  2. Eu e minha empresa conseguimos realmente ter a visão total “do e para” o cliente? (suas necessidades e adequação a elas)
  3. Estamos preparados 100% para mudanças, até as mais radicais,  no comportamento e atitudes?;
  4. Conseguimos perceber que o escopo de tempo e abrangência serão reformulados? (novas conveniências);
  5. Temos entendimento e gerenciamento das atividades em tempo real?;
  6. Será que conseguimos total adequação à tecnologia sem restrição?

Concluo por fim,  diante do apresentado, que não temos como escapar desta crise, mas cada um de nós pode criar um “normal transformado”, entendendo cada vez mais que o que foi feito antes, ficou no passado e deveremos RECONSTRUIR muito daquilo que vínhamos praticando, sem perder  referências consagradas, como pontualidade, qualidade e segurança.   A escolha do caminho é livre para cada profissional e as empresas, deverão estar atentas para todas as oportunidades que permitam a sua sobrevivência, torcendo para que os nossos governantes, se não ajudarem, ao menos, não atrapalhem quem quer trabalhar.

Por Paulo Rago*

(*) Paulo Rago é consultor empresarial, empreendedor, atua há mais de 33 anos no mercado de transporte e logística. Foi executivo de grandes corporações e hoje é CEO do Ceteal – www.ceteal.com